
A serpente e a aliança.
Capitulo um: Cerimônia dos três Dragões.
Além do horizonte, em uma pequena ilha polonesa coberta por verdes e cercada por ferozes dragões, um coral entoava um belo cântico enquanto o anoitecer caía. Era naquele momento que se erguia ali a mais esplêndida estrutura de pedras, que trazia consigo o medo. Era o início de mais um ano letivo em Wawel, aquele que poderia ser o último. Os bruxos, após o sangrento ataque de 1980 não confiavam mais na tradicional família Chevalièr, que aos poucos ia perdendo a sua força. Também pudera. Após a traição de August Chevalièr ao ministério e aos seus fiéis seguidores, ninguém queria arriscar colocar seu filho em um local inseguro dirigido por um membro desta família. O ministério bruxo já havia decretado o fim do instituto, mas havia um prazo para os estudantes terminarem seus cursos. Funcionários do ministério vigiavam o instituto, alguns penetravam o corpo docente e outros se espalhavam por todos os lugares do castelo para vigiar o Conselho Administrativo, dirigido por Ewanny Chevaliér, que prometia permanecer em pé até o último dia de Wawel. Ferozes dragões circulavam o castelo protegendo-o de protestantes que lutavam contra o fim de Wawel. Sim! Ainda havia aqueles que lutavam contra o fim de Wawel; eram poucos, mas havia.
Os alunos de Wawel estavam para chegar. Ewanny estava atenta olhando pela janela da torre principal, ela já avistava a bandeira do Caveirão, o navio que levava os alunos até Wawel. Ela desceu as escadas de sua torre e foi apressada até o Saguão de Entrada para acolher os alunos. O céu estava limpo, não se avistava nem uma única nuvem. Agora Ewanny olhava pela gigantesca porta de entrada com detalhes em ouro os alunos do segundo e terceiro ano vindo em direção dela. Um sorriso bastou como boas-vindas, pois o clima não era muito agradável. Ela, mesmo assim, queria dar um breve discurso para não passar em branco.
— Queridos alunos, uma boa tarde! Sejam todos bem-vindos á Wawel mais uma vez! É com enorme alegria que irei vos acolher mais um ano nesta casa. – pausou ela com lágrimas no rosto ao pensar que talvez aquele seja o último discurso. – Dentro de alguns minutos chegarão os nossos alunos do primeiro ano montados nos três Dragões que representam os espíritos dos Três Fundadores. Portanto, quero que acolham eles como vocês foram acolhidos quando chegaram a Wawel. – Enxugou as lágrimas e continuou. – Quando o dragão pousar, quero a ajuda dos monitores para que levem os novos alunos as suas respectivas torres para que eles, assim como todos, se arrumem para o grande jantar de inauguração. – Concluiu dando sinal ao coral de Wawel que iniciou a tocar um novo cântico.
Minutos depois chegaram os novos alunos. Os três dragões surgiram no céu, cada um estava enfeitado com uma das três cores que representam os fundadores. Pedacinhos de papéis coloridos caiam do céu. O coral iniciou a tocar o hino de Wawel. Após grandes voltas ao redor do castelo, os dragões pousaram e todos desceram indo em direção às torres comunais. Tudo parecia tão normal, mas talvez aquela fosse a última cerimônia dos três dragões.
Algumas horas depois, já na escuridão da noite, estavam todos reunidos no Salão Principal esperando Ewanny para dar início ao Jantar inicial. Um estranho homem trajado todo em preto, escondendo seu rosto, apareceu, ninguém sabia quem era ou o que queria. Logo o estranho homem foi cercado por membros do ministério e foi retirado dali. “Quem seria aquele homem?” – Todos perguntavam. Passaram-se mais alguns minutos e Ewanny entrou rapidamente pela porta principal trajando elegantes vestes negras. Com este ato ela chamou a atenção de todos. Ao subir no ‘Altar dos Fundadores’, ela logo olhou para os alunos que ali estavam e sorriu.
— Uma Boa noite, meus caros alunos! Sejam todos bem-vindos á Wawel! É um prazer acolhe-los. – Cumprimentou ela sorrindo.
Em seguida ela abraçou os docentes na mesa, beijou-os e falou:
— Cuide deles, por favor. – Disse em um tom de preocupação. Uma lágrima escorreu em seu rosto.
Ela não conseguia parar de pensar, nem por um misero segundo, no fim de Wawel. “Será que o ministério iria realmente cessar atividades no castelo?” Questionava á si mesma. Ewanny tentava não parecer triste, mas a tristeza era uma realidade. Ela olhou firmemente para os alunos e falou:
— Sem delongas hoje. Certo? Que o jantar seja servido.
Após essas palavras as mesas se encheram de gostosuras, as cortinas do grande salão ficaram coloridas e a iluminação ficou mais forte.Todos os novos e antigos alunos se encantaram, nunca houve uma grande fartura como essa em toda história de Wawel. Os olhos de Ewanny brilhavam quando ela olhava a felicidade de seus amados alunos. “Talvez seja o último...” não parava de pensar.
(A serpente e a Aliança. – Prévia do primeiro capitulo.)
Aguarde a divulgação da trama.